Despertai
Dissertação e Ensinos Espíritas
POR DITADOS ESPONTÂNEOS MUITOS OS CHAMADOS POUCOS OS ESCOLHIDOS24

(Obtido pelo Sr. d’Ambel, médium da Sociedade)
Esta máxima evangélica deve aplicar-se com muito mais razão aos tempos atuais do que aos primeiros dias do Cristianismo.

Com efeito, já não escutais o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniqüidades terrenas? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.

Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!

24 N. do T.: Com o título de “Missão dos espíritas”, Allan Kardec inseriu esta mensagem, da autoria do Espírito Erasto, no capítulo XX, item 4, de seu O Evangelho segundo o Espiritismo.

Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniqüidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.

Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.

Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.

Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé e por teu pequeno número! Marcha! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nascente.

A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniqüidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.

Sim, em todos os pontos do globo, vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.

P. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?
Resp. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição.

Erasto,

Anjo-da-guarda do médium

OCUPAÇÃO DOS ESPÍRITOS

(Médium – Sra. Costel)

As ocupações dos Espíritos de segunda ordem consistem em se prepararem para as provas que terão de suportar, por meditações sobre suas vidas passadas e observações sobre os destinos dos homens, seus vícios, suas virtudes, aquilo que os pode aperfeiçoar ou levá-los a falir. Os que, como eu, têm a felicidade de ter uma missão, ocupam-se dela com tanto mais zelo e amor, quanto o progresso das almas que lhes são confiadas lhes é contado como mérito. Assim, esforçam-se por lhes sugerir bons pensamentos, ajudam os seus bons impulsos e afastam os Espíritos maus, opondo sua doce influência às influências nocivas. Essa ocupação interessante, sobretudo quando se é bastante feliz para dirigir um médium e ter comunicações diretas, não afasta o cuidado e o dever de aperfeiçoar-se.

Não creiais que o tédio possa atingir um ser que só vive pelo espírito e cujas faculdades tendem, todas, para um objetivo, que ele sabe distante, mas certo. O tédio resulta do vazio da alma e da esterilidade do pensamento. O tempo, tão pesado para vós, que o medis por vossos temores pueris ou vossas frívolas esperanças,não faz sentir sua marcha aos que não estão sujeitos nem às agitações da alma, nem às necessidades do corpo. Ele passa ainda mais depressa para os Espíritos puros e superiores que Deus encarrega da execução de suas ordens e que percorrem as esferas em vôo muito rápido.

Quanto aos Espíritos inferiores, especialmente os que têm pesadas faltas a expiar, o tempo se mede por seus pesares, seus remorsos e seus sofrimentos. Os mais perversos dentre eles buscam escapar fazendo o mal, isto é, sugerindo a maldade. Então experimentam essa áspera e fugidia satisfação do doente que coça a sua ferida, não fazendo senão aumentar a dor. Assim, seus sofrimentos aumentam de tal sorte que acabam fatalmente por procurar o remédio, que outra coisa não é que o retorno ao bem.

Os pobres Espíritos, que apenas foram culpados pela fraqueza ou pela ignorância, sofrem a sua inanidade, o seu isolamento. Lamentam o seu envoltório terreno, seja qual for a dor que lhes tenha causado; revoltam-se e se desesperam até o momento em que percebem que só a resignação e a vontade firme de volver ao bem podem aliviá-los; acalmam-se e compreendem que Deus não abandona nenhuma de suas criaturas.

Marcillac,

Espírito familiar

O DEBOCHE

(Enviado pelo Sr. Sabò, de Bordeaux)

A escolha dos bons autores é muito útil e os que exercem seu domínio sobre vós, excitando-vos a imaginação pelas loucas paixões humanas, não fazem senão corromper o coração e o espírito. Com efeito, não é entre os apologistas da orgia, do deboche, da volúpia e dos que preconizam os prazeres materiais que se podem haurir lições de melhoramento moral. Pensai, pois, meus amigos, que se Deus vos deu paixões foi com o objetivo de vos fazer concorrer para os seus desígnios e não para as satisfazer como um animal. Ficai certos de que se consumis a vossa vida em loucos prazeres, que apenas deixam remorsos e o vazio no coração, não agireis segundo os propósitos de Deus. Se vos é dado reproduzir a espécie humana, é que milhares de Espíritos errantes esperam no espaço a formação dos corpos de que têm necessidade para recomeçar suas provas e que, usando as vossas forças em ignóbeis volúpias, ides de encontro aos desígnios de Deus e grande será o vosso castigo. Bani, pois, essas leituras, das quais não tirais nenhum proveito, nem para a vossa inteligência, nem para o vosso aperfeiçoamento moral. Que os escritores sérios de todos os
tempos e de todos os países vos façam conhecer o belo e o bem; que elevem vossa alma pelo encanto da poesia, ensinando-vos o emprego útil das faculdades com que o Criador vos dotou.

Felícia,

Filha do médium

Observação – Não haverá algo de profundo e de sublime nessa idéia que dá à reprodução do corpo um objetivo tão elevado? Os Espíritos errantes esperam esses corpos, de que necessitam para o seu próprio adiantamento, e que os Espíritos encarnados estão encarregados de reproduzir, como o homem espera a reprodução de certos animais para vestir-se e alimentar-se.

Disso resulta um outro ensinamento, de alta gravidade. Se não se admite que a alma já tenha vivido, é absolutamente necessário que seja criada no momento da formação e para o uso de cada corpo; de onde se segue que a criação da alma por Deus estaria subordinada ao capricho do homem, e na maior parte das vezes é o resultado do deboche. Como! Todas as leis religiosas e morais condenam a depravação dos costumes e Deus se aproveitaria disto para criar almas! Perguntamos a todo homem de bom-senso se é admissível que Deus se contradiga a tal ponto? Não seria glorificar o vício, uma vez que se prestaria à realização dos mais elevados desígnios do Todo-Poderoso: a criação das almas? Que nos digam se tal não seria a conseqüência da formação simultânea das almas e dos corpos; e seria pior ainda se fosse admitida a opinião dos que pretendem que o homem procria a alma ao mesmo tempo que o corpo. Admiti, ao contrário, a preexistência da alma, e toda contradição desaparece. O homem não procria senão a matéria do corpo; a obra de Deus, a criação da alma imortal, que um dia deve se aproximar dEle, não mais está submetida ao capricho do homem. É assim que, fora da  reencarnação, surgem dificuldades insolúveis a cada passo e se cai na contradição e no absurdo quando se quer explicá-las. O princípio da unicidade da existência corporal, para decidir sem retorno os destinos futuros do homem, perde terreno e partidários diariamente. Podemos, pois, dizer com segurança que, em pouco tempo, o princípio contrário será universalmente admitido, como o único lógico, o único conforme à justiça de Deus, e proclamado pelo próprio Cristo, quando disse: Eu vos digo que é necessário nascer várias vezes antes de entrar no reino dos céus.

SOBRE O PERISPÍRITO

Ditado espontâneo a propósito de uma discussão que acabava de ocorrer na Sociedade quanto à natureza do Espírito e do perispírito.

Médium: Sr. A. Didier

Segui com interesse a discussão que se estabeleceu agora mesmo e que vos pôs em tão grande embaraço. Sim; faltam às palavras cor e forma para expressarem o perispírito e sua verdadeira natureza. Mas há uma coisa certa: o que uns chamam perispírito não é senão o que outros chamam envoltório fluídico,material. Quando se discute semelhantes questões, não são as frases que devemos buscar, mas as palavras. Para me fazer compreender de maneira mais lógica, direi que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos e a extensão da visão e das idéias; refiro-me aqui aos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres são ainda completamente inerentes a eles; assim, como vedes, são matéria; daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que não podem alcançar os Espíritos superiores,considerando-se que os fluidos terrestres são depurados em torno do pensamento, isto é, da alma. Para seu progresso, a alma sempre tem necessidade de um agente; sem agente a alma nada é para vós ou, melhor dizendo, não pode ser concebida por vós. Para nós outros, Espíritos errantes, o perispírito é o agente pelo qual nos comunicamos convosco, seja indiretamente, por vosso corpo ou vosso perispírito, seja diretamente por vossa alma. Daí as infinitas gradações de médiuns e de comunicações. Agora resta o ponto de vista científico, isto é, a essência mesma do perispírito. Isto é uma outra questão. Primeiro compreendei moralmente; não resta mais que uma discussão sobre a natureza dos fluidos, o que é inexplicável no momento. A Ciência não conhece bastante, mas lá chegaremos se ela quiser marchar com o Espiritismo.

Lamennais

O ANJO GABRIEL

Evocação de um Espírito bom, pela Sra. X..., em Soultz, Alto-Reno

Sou Gabriel, o anjo do Senhor, que me encarrega de vos abençoar, não por vossos méritos, mas pelos esforços que empreendeis para os adquirir.

A vida deve ser um combate; não se deve jamais parar,jamais vacilar entre o bem e o mal. A hesitação já vem de Satã, isto é, dos Espíritos maus. Coragem, pois! Quanto mais espinhos encontrardes em vosso caminho, mais esforços vos serão necessários para o seguir. Se fosse semeado de rosas, que mérito teríeis perante Deus? Cada um tem o seu calvário na Terra, mas nem todos o percorrem com aquela doce resignação de que Jesus vos deu o exemplo. Ele foi tão grande que os anjos ficaram comovidos! E os homens! mal derramam uma lágrima a tantas dores! Ó dureza do coração humano! Mereceríeis semelhante sacrifício? Lançai vosso rosto no pó e clamai misericórdia a Deus,mil vezes bom, mil vezes terno, mil vezes misericordioso! Um olhar, ó meu Deus! sobre a vossa obra; sem isso ela perecerá! Seu coração não está à altura do vosso; ele não pode compreender este excesso de amor de vossa parte. Tende piedade; tende mil vezes piedade de sua fraqueza. Levantai sua coragem por pensamentos que só podem proceder de vós. Sobretudo abençoai-os, a fim de que dêem frutos dignos de vossa imensa grandeza!

Hosana no mais alto dos céus! e paz aos homens de boa vontade!

É assim que terminarei as palavras que Deus me ordenou vos transmitisse.

Sede benditos no Senhor, para que possais despertar um dia em seu seio.

DESPERTAI

(Sociedade Espírita de Paris – Médium: Sra. Costel)

Falarei dos sintomas e predições que, por toda parte,anunciam a vinda de grandes acontecimentos que o nosso século encerra. Em sua tocante bondade, os Espíritos, mensageiros de Deus, advertem o Espírito dos homens, como as dores previnem a mãe quanto à proximidade do parto. Esses sinais, muitas vezes desprezados e, entretanto, sempre justificados, neste momento se multiplicam ao infinito. Por que sentis todos o Espírito profético agitar-vos os corações e abalar-vos as consciências? Por que as incertezas? Por que os desfalecimentos que turvam os corações? Por que o despertar do espírito público que, em toda parte, arvora a sua altiva bandeira? Por quê? É que os tempos são chegados; é que o reino do materialismo está cedendo e vai desabar; é que os prazeres do corpo, em breve desprezados, darão lugar ao reino da idéia; é que o edifício social está carcomido e será substituído pela jovem e triunfante legião das idéias espíritas, que fecundarão as consciências estéreis e os corações mudos. Que estas palavras incessantemente repetidas não vos achem distraídos e indiferentes. Depois que o lavrador houver semeado, recolhei as preciosas espigas que nascerem. Não digais: a vida segue o seu curso e uma marcha normal. Nossos pais nada viram do que hoje nos anunciam: não veremos mais que eles. Adoremos o que eles adoraram, ou,melhor, substituamos a adoração por fórmulas vãs, e tudo estará bem. Falando assim, dormis. Despertai, porque não é a trombeta do juízo final que ecoará em vossos ouvidos, mas a voz da verdade. Não se cogita da morte vencida e humilhada, trata-se da vida presente, ou antes, da vida eterna; não a esqueçais e despertai.

Helvétius

O GÊNIO E A MISÉRIA

(Sociedade Espírita de Paris – Médium: Sr. Alfred Didier)

Há uma prova muito grande na Terra, sobre a qual deve apoiar-se a moral do Espiritismo: é a terrível provação do homem de gênio, sobretudo do que é dotado de faculdades superiores, presa das exigências da miséria. Ah! sim; esta prova moral, esta miséria da inteligência, muito mais que a do corpo será o maior mérito para o homem que tiver cumprido sua missão. Compenetrai-vos dessa luta incessante do talento contra a miséria, esta harpia que se lança sobre vós durante o festim da vida, semelhante ao monstro de Virgílio e que diz a todas as suas vítimas: Sois poderosos, mas sou eu quem vos mata, eu que envio ao nada os dons de vossa inteligência, porquanto sou a morte do gênio. Eu sei que só alguns estão vencidos, mas os outros, quantos são? Há um pintor da escola moderna que assim concebeu o assunto. Um ser, o gênio, cujas asas se abrem e cujo olhar se volta para o Sol; quase que se ergue, mas cai sobre um rochedo, onde estão fixadas cadeias de ferro que talvez o reterão para sempre. É possível que o homem que teve este sonho haja sido acorrentado e, talvez, após a sua libertação, se tenha recordado dos que deixara para sempre no rochedo.

Gérard de Nerval

TRANSFORMAÇÃO

(Sociedade Espírita de Paris – Médium: Sra. Costel)

Venho falar-te daquilo que mais importa, nesta época de crise e de transformação. No momento em que as nações vestem a túnica viril, no momento em que o céu desvelado vos mostra,vagando nos espaços infinitos, os Espíritos dos que julgáveis dispersos como moléculas ou servindo de pasto aos vermes; neste momento solene faz-se necessário que, armado da fé, o homem não marche tateando nas trevas do personalismo e do materialismo.
Como outrora os pastores, guiados por uma estrela, vinham adorar o Menino-Deus, é preciso que o homem, guiado pela brilhante aurora do Espiritismo, marche finalmente para a Terra Prometida da liberdade e do amor. É preciso que, compreendendo o grande mistério, saiba que o fim harmonioso da Natureza, seu ritmo admirável, são os modelos da Humanidade. Nesta impressionante diversidade que confunde os Espíritos, distingui a perfeita similitude das relações entre as coisas criadas e os seres criados, e que essa poderosa harmonia vos leve a todos, homens de ação, poetas,artistas, operários, à união na qual devem fundir-se os esforços comuns durante a peregrinação da vida. Caravanas assaltadas pelas tempestades e pelas adversidades, estendei vossas mãos amigas e marchai com os olhos fixos no Deus justo, que recompensa ao cêntuplo aquele que tiver aliviado o fraco e o oprimido.

Georges

A SEPARAÇÃO DO ESPÍRITO

(Enviado pelo Sr. Sabò, de Bordeaux)

Corpo de lama, foco de corrupção onde fermenta o levedo das paixões impuras; são seus órgãos que muitas vezes arrastam o Espírito às sensações brutais que dizem respeito à matéria. Quando o princípio da vida orgânica se extingue por um dos mil acidentes aos quais está sujeito o corpo, o Espírito se desprende dos laços que o retinham à sua fétida prisão, e ei-lo livre no espaço. Todavia acontece que, quando ignorante, e sobretudo quando é muito culpado, um espesso véu lhe oculta as belezas da morada onde habitam os Espíritos bons, e ele se encontra só ou na companhia de Espíritos cruéis e inferiores, num círculo que lhe não
permite nem ver onde chega, nem se lembrar de onde vem. Então se sente inquieto, sofredor, pouco à vontade, até que, num tempo mais ou menos longo seus irmãos, os Espíritos, vêm esclarecê-lo sobre a sua posição e lhe abrem os olhos para que se lembre do
mundo dos Espíritos, que habitou, e dos diferentes planetas, onde sofrerá suas diversas encarnações; se a última foi bem conduzida, ela lhe abre as portas dos mundos superiores; mas se foi inútil e cheia de iniqüidades, ele é punido pelo remorso. Somente depois que o Espírito se curvou à cólera de Deus, por seu arrependimento e pela prece de seus irmãos, recomeça a viver, o que não é uma felicidade, mas um castigo ou uma provação.
Ferdinand,

Espírito familiar

Allan Kardec

R.E. , junho de 1861, p. 278